Rosana G. Siqueira de Almeida -Psicóloga CRP02553
03/08/2022
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Para garantir que o filho com deficiência tenha um futuro próspero e com todos os direitos garantidos, é necessário que os pais sejam os grandes incentivadores de sua independência, estimulando desde cedo o seu crescimento pessoal, a convivência em sociedade e a sua autonomia. Desde cedo, os pais devem estimular os filhos a buscarem seus interesses e preferências, desde uma simples escolha de roupa até gostos específicos, como uma banda favorita, uma comida predileta ou ainda uma área profissional de interesse. Essa autonomia contribui para uma boa autoestima e também para o senso de pertencimento da PcD(Pessoa com Deficiência) ao meio em que vive. Em muitos casos, a pessoa com deficiência intelectual fica isolada em casa, tendo contato apenas com os familiares e profissionais da instituição que a atendem. Porém, é importante que a PcD ocupe espaço na sociedade, isso significa que ela deve ir ao shopping, passear no parque, andar de transporte público, entrar no mercado de trabalho quando tiver essa possibilidade, ter amigos e namorar. Todas essas atividades fazem com que ela se desenvolva humanamente e saiba conviver com diferentes pessoas e situações.
Nós ainda vivemos em uma sociedade que ainda é muito preconceituosa e capacitista, por isso ter o incentivo da família desde cedo é muito importante. Com a família ao seu lado, a pessoa com deficiência fica mais confiante e ganha ainda mais determinação para desenvolver suas habilidades e capacidades. O apoio e incentivo dado pelos familiares é a base para a criança crescer com mais autonomia. Mas vale lembrar também que essa ajuda deve ser complementada com o trabalho da escola ou qualquer outra atividade que a criança tenha. Assim, os esforços para que ela se desenvolva mais e melhor são somados e ficam ainda maiores.
A família, por ser uma estrutura fundante no desenvolvimento da criança, tem sido um elemento essencial para se pensar a promoção da autonomia das pessoas com deficiência intelectual. É possível verificar que dependendo de como a família interage com os contextos ecológicos, a autonomia pode ou não ser desenvolvida. A falta de incentivo à autonomia pode ser um empecilho para o desenvolvimento das pessoas com deficiência. Neste sentido, a família desempenha um papel fundamental, pois os pais tem uma capacidade especial de visualizar todo o potencial de seus filhos, estimulando suas habilidades e competências, a despeito de eventuais limitações como primeira mediadora entre o homem e a cultura, a família constitui a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo, social e cognitivo que estão imersas nas condições materiais, históricas e culturais de um dado grupo social. Ela é a matriz da aprendizagem humana, com significados práticas culturais próprias que geram modelos de relação interpessoal e de construção individual e coletiva. Os acontecimentos e as experiências familiares propiciam a formação de repertórios comportamentais, de ações e resoluções de problemas com significados universais (cuidados com a infância) e particulares (percepção da escola para uma determinada família). Essas vivências integram a experiência coletiva e individual que organiza, interfere e a torna uma unidade dinâmica, estruturando as formas de subjetivação e interação social. E é por meio das interações familiares que se concretizam as transformações nas sociedades
A autonomia tem sido apontada nas legislações direcionadas às pessoas com deficiência como um fator que deve ser garantido e promovido. Apesar de ser o suporte para a formulação das políticas públicas, a legislação possui sua limitação, já que elas não promovem uma reformulação dos sistemas que sustentam a exclusão da pessoa com deficiência intelectual. A inclusão social das pessoas com deficiência intelectual atribui ao conjunto da sociedade um novo olhar, um novo pensamento que nos leva a refletir sobre o papel da escola e da sociedade, como um todo, no desenvolvimento autônomo deste indivíduo. No entanto essa inclusão só será possível com criação de mecanismos que favoreçam o crescimento pessoal e social dessas pessoas no meio ao qual elas estão inseridas. A família é o principal agente de socialização da criança, preside aos processos fundamentais do desenvolvimento psíquico e à organização da vida afetiva e emotiva da criança. Acrescenta ainda, que como agente socializado e educativo primário, ela exerce a primeira e a mais indelével influência sobre a criança.
Dessa forma, percebemos a importância da influência familiar na educação e no desenvolvimento de uma criança. Além da função dos cuidados básicos de manutenção da vida, tais como alimentação, vestuário, cuidados com a saúde, é sem dúvida, a família quem conduz os primeiros passos da socialização da criança e do seu desenvolvimento afetivo.